O nosso Mundo interno

Onde reside a nossa profundidade? O que por lá habita? Quantos de nós se dispõem a mergulhar? 

É como um mergulho no mar, zonas com mais claridade, onde a luz penetra e outras bem escuras. Alternando entre temperaturas agradáveis ora gélidas, que fazem os nossos ossos ranger. Nem todos se lançam. Alguns de nós coloca a ponta do pé, sente o arrepio no corpo e desiste. Poucos são aqueles com fé que entram.


Assim é dentro de nós. Luz e Sombra. 

Quando vi a séria “Adolescência” da Netflix, todas estas questões se abriram dentro de mim. A maior crise que estamos a assistir neste momento, é a uma crise de identidade. Colocamos os nossos olhos bem arregalados em cima das crianças e jovens, e esquecendo de olhar para nós.

Quando na série os pais dizem: “Ele ficava muito no quarto, achei que estava seguro”, consigo fazer aqui a correspondência de um modo simbólico a esse mundo interno que nos reside. Dizemos: – Pensei que fosse seguro! Como poderia não ser?

Será seguro? Conseguimos aceder a esse conteúdo dos nossos filhos? Ao que lhes vai na alma? Na sua mente? E ao nosso?

Convido a cada um recordar a sua infância e idade jovem. Todos à tua voltam sabiam o que sentias, os teus movimentos? Os silêncios? Todas as vezes que te sentiste sozinha e desamparada? Partilhavas ou escondidas? Ou nem sequer tinhas a oportunidade de exercer a tua voz? E agora, como está esse teu recanto? É visitado por ti? 

Por vezes vamos a correr procurar ajuda. Para quem? Para eles? Não será um tamanho egoísmo para ambos olhar só numa direção. 

Não se trata de olhar num sentido. Não se trata de trazer julgamento, mas sim consciência. Tão pouco se trata de dizer não à sombra, trata-se de a integrar de um modo saudável. Mas para esse movimento precisamos de tempo, de presença e muitas vezes de orientação. 

O entendimento esse chegará pouco a pouco. A vida é uma aprendizagem quando os meus olhos estão abertos para ver. E o meu corpo totalmente presente. Um malabarismo neste tempo sem tempo.

Encontra-o para ti. Para o seres também no outro, em amor e em verdade. “O que está dentro é como o que está fora” (O Caibalion).

Em amor, Silvana.

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