Limites

Estes dias fui fazer uma caminhada. Olhei para as minhas sandálias e decidi calça-las. Nesse momento, lembrei-me que normalmente, nas primeiras utilizações elas magoam-me, mas pensei: – É só no início!
Iniciei a caminhada já desconfortável e assim continuei. Na volta, estava com imensa dor. Ouvi o meu corpo. Retirei-as e fui descalça. Que alívio!
Perto de casa decidi voltar a colocá-las, pois ia passar na padaria e não queria ir descalça. Senti uma dor enorme, mas por minha decisão decidi continuar com elas. Refleti!
Nos dias seguintes tive que lidar com duas flictenas (bolhas) dolorosas e fiquei muito limitada no que poderia voltar a calçar.
Esta reflexão não é sobre sandálias. Todos os anos tenho o mesmo comportamento relativamente a algo que me incomoda. Assim foram escritos muitos dias da minha vida.
Doía e dizia: – É só mais um pouco. Tu aguentas! Tu és forte!
Até que fui tomando consciência e começando a mudar esse padrão! Certo, que é um ponto que tenho que vigiar.
É um processo contínuo.
Nesse mesmo dia em que fui caminhar, tinha informado uma pessoa sobre um limite meu. E mesmo assim foi ultrapassado. Fiquei zangada. Num segundo momento percebi, que quem não respeitou o meu próprio limite tinha sido eu! Somos sempre nós. Os nossos limites são para nós. Voltei a dizer: – Eu aguento! É só mais esta cedência! Eu espero!
Mentira. Agora. Depois da tomada de consistência ninguém aguenta o que até então nos foi despedaçando aos poucos.
Seja o que for. Que situação seja. Se colocaste um limite. Se marcaste um território. Foi para ti. Para te vigiar. Para vigiar e resguardar o amor por ti mesma. Não recues.
Não te desvies de ti para ficares mais perto de alguém!
O amor une, não separa ou desvia.
Em amor, Silvana.